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Ultrassom pulmonar no IAMCSST

Será que o ultrassom pulmonar pode mudar o jogo nos primeiros minutos de um infarto com supra?

Gabrielle Turnes

8 de mai. de 2025

Imagine a cena: O paciente chega ao pronto‑socorro com dor torácica e eletrocardiograma revelando IAMCSST. Você já organiza a equipe para a angioplastia, mas em paralelo pega o transdutor, percorre rapidamente oito pontos do tórax e, antes de abrir a artéria, sabe quem tem um risco ínfimo de morrer — e quem precisa de vigilância máxima. Essa é a provocação central do estudo “Admission Bedside Lung Ultrasound Reclassifies Mortality Prediction in Patients With STEMI”.

 

O que eles investigaram?

Pergunta: Adicionar ultrassom de pulmão (LUS) na admissão, em comparação à avaliação clínica tradicional (Killip), melhora a predição de mortalidade hospitalar em adultos com IAMCSST? ​


Desenho em PECO

P

215 adultos (≥ 18 anos) com IAMCSST em hospital terciário (2018‑2019)

E

LUS positivo para congestão (≥ 1 zona com B‑lines) realizado antes da angioplastia

C

LUS negativo (pulmões “secos”)

O

Mortalidade intra‑hospitalar e reclassificação de risco (AUC, NRI)

T

Coorte prospectiva unicêntrica

Protocolo de ultrassom pulmonar usado no estudo:

Etapa

Detalhes operacionais

Equipamento

Portátil SonoSite® com transdutor convexo de 3,5 MHz. ​LUCK

Posição do paciente

Supino, antes da angioplastia primária.

Orientação da sonda

Sagital (perpendicular ao espaço intercostal).

Mapeamento de zonas

8 zonas totais – 2 anteriores + 2 laterais em cada hemitórax (4 por lado). ​LUCK

Aquisição

Um varrimento por zona (imagem avaliava em tempo real; não gravada para revisão offline).

Critério de positividade

Zona considerada positiva se ≥ 3 linhas B contínuas. Ausência de linhas B em todas as zonas = “pulmões secos”.

Derrame pleural

Não avaliada neste protocolo.

Tempo de exame

≤ 3 minutos; não atrasou “door‑to‑balloon”.

 

 



Avaliação crítica rápida do artigo (checklist STROBE)

Seção

Pontos fortes

Pontos a melhorar

Título/Resumo (Item 1)

Deixa claro ser prospectivo

Não especifica “coorte” no título ​STROBE-

Métodos (Itens 4‑12)

Critérios de inclusão/exclusão, cálculo amostral, ROC/DeLong, regressão logística bem descritos

Centro único, poder estatístico limitado para comparar AUCs

Viés (Item 9)

Operadores cegos à Killip

Desfecho não cego; sem análise offline de imagens

Resultados (Itens 13‑17)

Flowchart completo, dados de periprocedimento

Falta detalhar perdas de seguimento (nenhuma reportada)

Discussão (Itens 18‑21)

Limitações e generalização explicitadas

População brasileira pode limitar extrapolação

Quais os principais resultados?

Métrica

Pulmões “secos”

Pulmões “molhados”

Impacto clínico

Mortalidade hospitalar

2 % (2/105)

25 % (28/110)

Diferença absoluta 23 p.p.; OR ajustada 11,9 (IC 95 % 2,7‑86,8)

Choque cardiogênico

5 %

33 %

+28 p.p. de choque quando há congestão ​

Fraç. ejeção pós‑IAM

53 % ± 12

43 % ± 10

↓ 10 p.p. com pulmão molhado

Acurácia (AUC)

Killip 0,86 → LUCK 0,89; ganho significativo (p = 0,05) ​

Reclassificação de risco (NRI)

+0,18 → 1 em cada 5 pacientes foi movido para a categoria de risco correta graças ao LUS ​

Valor preditivo negativo

98 %

Pulmão seco foi capaz de predizer sobrevida hospitalar (VPN 98 %). ​

 

Take‑home messages do uso do LUS nos pacientes com IAMCSST:

1.      Screening em 3 min – Se o LUS não mostrar linhas‑B, a chance de óbito intrahospitalar despenca para ~2 %. Pulmões secos com VPN‑ negativo 98 %).

  1. Alerta máximo – Congestão pulmonar multiplicou o risco de morte em mais de 11 vezes, mesmo após ajuste. ​Uma zona positiva já eleva o risco.

  2. Ferramenta superior – Combinar LUS ao Killip (LUCK) bate TIMI e GRACE na predição de mortalidade e redefine o plano de cuidados em tempo real. A nova classificação LUCK (Killip + LUS) superou TIMI e GRACE (AUC 0,89) e reclassificou 1 em cada 5 pacientes

 

Considerações:

Pontos fortes do estudo: coleta prospectiva, exame de < 3 min, cegamento parcial, análise estatística robusta.

Fragilidades: hospital único, n relativamente pequeno, possíveis confundidores residuais.

Sabe o melhor? Estudo brasileiro bem feito em POCUS pelos Hospital de Clinicas de Porto Alegre.

 

📚 Leia o estudo na integra!

DOI: 10.1161/CIRCIMAGING.119.010269



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